quarta-feira, 12 de março de 2008

“O feminismo não é mais aquele”

É costumeiro ouvir a expressão “não é mais aquele” quando algo se modifica a ponto de não reconhecemos mais como era antigamente. Ela me veio à mente hoje, ao ler uma entrevista no portal G1 sobre o Dia Internacional da Mulher. Na entrevista, a professora da USP Maria Elisa Cevasco fala um pouco acerca de suas impressões sobre esse “quase coroa” que é o movimento feminista, 40 anos depois da queima dos sutiãs.

Para a professora “O feminismo só seria possível em uma outra sociedade, regida por valores humanos e não mercadológicos”, difícil saber onde isso realmente aconteceria, (se alguém descobrir me conta que eu quero conhecer), sabe como é...passar da adolescência acaba um pouco com nossas utopias. Em minha opinião...o feminismo se perdeu pelo exagero. As mulheres quiseram muito ser iguais aos homens, só que nesta busca por ser igual elas resolveram trazer pra si não somente as coisas boas, como tudo o que havia de pior, ou seja, virou um machismo-fêmea. Mulheres se orgulham de proferir palavrões que envergonharia até os seres mais liberais, são muito mais grosseiras e mal-educadas e costumam ser preconceituosas consigo mesmas...é só ver uma mulher ao volante, por exemplo, que já insinua que a outra não dirige bem, opinião da maioria dos homens.

Por mais que nos pareça que o feminismo não consiga mais chegar a lugar nenhum, pois não são mais tão visíveis as imensas disparidades que existiam a 30-40 anos atrás, eu já acho que muito de bom foi alcançado. A diferença salarial não é mais tão absurda, vemos cada vez mais mulheres ocupando espaços e empregos que eram culturalmente masculinos, mulheres chefiando famílias, mulheres que conseguem ser “maravilhas” - fazendo tudo o que os homens fazem sem perder o controle da situação e ainda assim mantendo o sorriso e retocando o batom. Estaria sendo estúpida e alienada se dissesse que não há mais preconceito ou que o machismo já morreu, até porque estou cansada de ouvir que meu irmão que é machinho pode fazer tal coisa...e eu não posso porque sou mocinha (ihg – odeio isso!).

Eu não vou mais me prolongar, acho que falei muita coisa e no fim não falei quase nada...só vou deixar um trecho da lei Maria da Penha - Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. É bom lembrar dela e da importância que ela tem numa sociedade culturalmente machista. Não é necessário nem se esforçar muito para ver estes traços, basta observar os próprios comentários redigidos pelos leitores da entrevista citada para ter uma vaga idéia de como mesmo as mulheres são preconceituosas. Esta lei foi um grande passo para nós, mas pela própria forma como ela é descrita, é possível ter uma idéia de em que ponto estávamos:

“Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social”

Eu não sabia que era ser humano, juro!

Um comentário:

Unknown disse...

O feminismo não pode, realmente,ser como o de antigamente. Na realidade, temos que sempre nos aproveitar da situação. Não precisamos ser tão feministas.Quando for preciso e necessário temos que nos aproveitar dos rótulos que nos emprestaram.O tempo de queimar os sutiãs já passou: temos agora que procurar...